Após denúncias dos moradores atingidos pelo Programa Lagoas do Norte (PLN), Banco Mundial envia equipe para investigação das violações. As atividades iniciaram na última quinta-feira (12), onde aconteceu reunião com moradores e seus assessores técnicos populares, junto com o Painel de Inspeção.
Na manhã deste sábado (14), as visitas se iniciaram no Bairro São Joaquim, onde o painel deve realizar visitas até o fim da tarde. No domingo (15) as visitas devem acontecer no Bairro Mafrense. E na segunda-feira (17), haverá nova rodada de diálogo entre os técnicos populares e o painel de inspeção.
Paralelo às visitas do Banco Mundial, o Centro de Defesa Ferreira de Sousa, promove uma série de atividades intitulada “Mapeamento dos Territórios” com o intuito de realizar debates e também estudar o território, de modo coletiva entre comunidade e técnicos populares.
Desde a última quinta-feira, o Centro de Defesa realizou debates na Universidade Federal do Piauí (UFPI) com a temática “Mariele Vive”, destacando a atuação das mulheres negras nas lutas populares e a importância das mulheres na luta contra as violações do Programa Lagoas do Norte. Na sexta-feira, o dia foi de caminhada na comunidade, seguindo com a Performance Oxum do Norte e finalizando com o debate sobre racismo ambiental, enfocando o caráter racista e higienizador que tem desterritorializado muitas famílias da região das lagoas do norte.
Para a presidente do Centro de Defesa Ferreira de Sousa, Lúcia Oliveira, as violações são as mais diversas “Desde que esse programa começou nosso povo vem sofrendo , pois tem seus modos de vida tradicionais afetados. Vários ofícios foram brutalmente interrompidos ou impactados, como nas olarias, as vazantes, a pesca, a criação de animais. Além disso, muitas famílias foram desabrigadas e outras removidas para locais longe da cidade, sem acesso a direitos e, pior, longe dos seus modos de vida”, desabafa.
Para os moradores, a vinda do Banco Mundial representa uma esperança na tentativa de impedir que o programa siga violando direitos. As atividades de mapeamento são promovidas pela própria comunidade, pois os técnicos tanto da prefeitura como do banco mundial até então não tem tudo a sensibilidade suficiente para abarcar os graus de violações.
Os técnicos populares vieram de diversos estados onde violações semelhantes acontecem e são de diversas organizações como Centro Popular de Direitos Humanos (Recife) , Fórum de Assessoria Técnica Popular do Nordeste, Coletivo Caranguejo Tabaiares (Recife), Movimento de Pescador e pescadora (MPP), dentre outros. São antropólogos, arquitetos, sociólogos, engenheiros , advogados, dentre outros, que ao final das visitas devem entregar um documentos com as violações coletadas.
Texto: Sarah Fontenelle, jornalista popular e pesquisadora em comunicação.
Fotos: Sarah F. Santos e Reginaldo Marques
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